Por uma comunicação menos tagarelante e mais verdadeira

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Na Quarta-Feira de Cinzas, como sempre, fiquei com a testa marcada. Cruzei com uma conhecida e ela me disse: “sua testa está com uma sujeira, você quer que eu limpe?”. Quando expliquei que eram cinzas da missa, ela me olhou com tanto estranhamento que parecia que eu tinha falado um absurdo. Mas hoje eu não quero contar aqui sobre me sentir ofendida com essa invasão. Eu quero falar sobre: como é possível, em plena era da Inteligência Artificial, a gente ainda estranhar e, muitas vezes, repelir o diferente?

Se por um lado, estamos cada vez mais conectados uns aos outros – e aos que nos são estranhos –, por outro nunca falamos do diferente e muitas vezes sequer o respeitamos. Eu atribuo esse comportamento, em parte, às bolhas em que os algoritmos nos prendem, onde interagimos e recebemos notícias apenas que têm a ver com nosso modo de pensar. E pior: cada um quer se expressar e ser ouvido, mas não preocupa em ouvir, se comunicar e interagir de verdade. Pensamentos extremistas estão nos privando de conversas ricas e significativas.

Também tem outro elemento importante nessa conversa: o declínio das boas maneiras que, vejam bem, são o símbolo da civilização. Será que valores como cortesia, paciência e consideração pelos outros têm sido gradualmente substituídos por um individualismo e pela gratificação instantânea? Este é um caminho perigoso, afinal, em um mundo sem fronteiras geográficas e onde podemos trabalhar (e viver) em qualquer lugar, a tendência é que mais diverso nosso ambiente se torne. Conviver, aceitar e respeitar pessoas diferentes de nós é fundamental para vivermos em harmonia.

O mundo evoluiu rapidamente nos últimos anos e as interações sociais se deslocaram para plataformas online. O problema é que acho que estamos trazendo este modelo “tagarelante” do mundo digital para nossas interações pessoais. E com isso estão sendo esquecidos elementos importantes das relações humanas, como a sensibilidade, o toque pessoal, a empatia e os sinais não-verbais.

Eu, por exemplo, me considero uma pessoas de mente aberta, disposta a aceitar comportamentos e crenças que são diferentes dos meus, concordando ou não com eles. Mas me vejo menos tolerante com os erros de um algoritmo do que com os meus próprios – mesmo que os meus sejam maiores. Eu quero aproveitar esse post para me comprometer com vocês: que a gente aproveite o poder da IA para construir um mundo mais tolerante e compreensivo. Afinal, nenhuma verdade é absoluta: a minha verdade pode não ser a mesma que a tua, mas mesmo assim isso não me torna menos verdadeira.

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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