Recentemente, estou enfrentando algo que me incomoda e que, depois de relutar, decidi expor: a minha voz.
Estou com um novo projeto – que já já apresento por aqui, aguardem! – e ele demanda que eu grave a narração para um vídeo. Como ele é muito importante para mim, fui convencida de que minha voz vai fazer a diferença, para que eu me apresente como eu sou. Na hora, corri pra minha fono, Juliana Algodoal, PhD e ela reforçou o que vem trabalhando comigo há algum tempo: “sua voz é sua, faz parte da sua personalidade e de quem você é. Trabalhe para melhorar, mas não para mudar”.
Eu não sou uma pessoa conservadora: me atiro nas novidades com certa facilidade. Já entrei em bacia de gelo, corri meia maratona depois dos 50 anos, comecei aulas de kitesurfe, tentei aprender a pilotar moto…. Também não me considero uma pessoa tímida. Por que, então, tanta dificuldade para expor minha voz? Não seria melhor cruzar logo esta ponte?
Fiquei muito pensativa e cheguei a uma conclusão: hoje a gente é tão incentivado a performar que mesmo nosso lazer e as atividades mais prazerosas que fazemos precisam ter algum resultado prático. E na hora de dar a cara a tapa, como não somos “perfeitos” naquilo que encaramos com leveza, dá um medo. Parece que sem sofrer, sem viver uma pressão por excelência, é inútil fazer.
Mas onde fica, então, nossa felicidade? Agir só vale se for para entregar algo para o outro? Cadê a autorrealização? Quando focamos na performance, saímos do nosso natural e partimos para algo que precisa ser construído arduamente. E aí, adivinha? O prazer vai embora e o imperfeito não tem vez. A lição aprendida é que a “perfeitabilidade”, como descreveu Leandro Karnal recentemente em um artigo, não existirá nunca, mas eu posso transformar aquilo que me incomoda!