Voltei com mais notícias da China.

Uma das coisas que mais impressionaram nesta viagem foi ver de perto como a China passou de um país agrário e socialista para uma potência econômica que soube abraçar o capitalismo, mas ainda assim mantém o controle centralizado. Foi essa transição que permitiu sua entrada na OMC em 2001, alavancando com a globalização seu crescimento acelerado.

Hoje, porém, a China enfrenta um novo desafio: deixar de ser a “fábrica do mundo” e se tornar um polo global de inovação e tecnologia. O foco mudou: menos aceleração do PIB, mais avanços em tecnologia de ponta, sustentabilidade e manufatura de alta qualidade. Mas o caminho é complexo, com desafios como o envelhecimento populacional, o desemprego juvenil recorde, a desaceleração nas exportações e os altos níveis de endividamento no setor imobiliário. A busca agora é por um equilíbrio entre controle estatal e dinâmica de mercado.

A desaceleração econômica parece inevitável, mas a aposta é clara: tornar-se uma superpotência em ciência e tecnologia até 2035. Para isso, a China precisa não apenas de avanços tecnológicos, mas de uma transformação cultural e educacional, entrando numa era pós-industrial com todos os desafios que isso traz.

Enquanto isso, no Brasil, uma das maiores economias emergentes, enfrentamos uma dicotomia em ciência e tecnologia: de um lado, uma demanda crescente por inovação para nos mantermos competitivos globalmente; de outro, desafios estruturais que ainda freiam nosso avanço. Eu acredito que toda mudança inicia com posturas e decisões de líderes. Até que ponto nós, líderes, estamos dispostos a aprender e nos adaptar para acompanhar essa nova onda de transformação tecnológica? Será que os Conselhos tem talentos preparados para criar ecossistemas onde inovação, talento e capital fluam de forma integrada e sustentável?