Se a sua atenção já é disputada a cada scroll, imagine sua intenção. O jogo mudou.
Pois é. A chamada “economia da intenção” já molda a forma como interagimos com a tecnologia. Pesquisadores da Cambridge University estudam como a IA pode antecipar nossos desejos, tomar decisões por nós e, de forma quase invisível, conduzir nosso comportamento. Parece ficção? Não é.
Imagine uma assistente virtual que não só sugere um voo, mas já o reserva. Será que ela escolheu o melhor voo para você ou aquele da companhia que pagou mais para aparecer no topo?
A expressão “Economia da Atenção” teve sua origem com Herbert A. Simon, psicólogo e Nobel de Economia. Ele sustentava que existem limites para a capacidade humana de pensar e realizar múltiplas ações simultaneamente. Em um famoso artigo de 1971, Simon escreveu: “Uma riqueza de informações cria uma pobreza de atenção.”
Ou seja, quanto mais dados, mais difícil se torna focar e tomar decisões. A tecnologia que deveria nos ajudar muitas vezes nos distrai.
Vemos isso claramente com a IA generativa e os algoritmos preditivos, que estão mudando de um modelo baseado em busca ativa por parte dos usuários para um modelo de recomendação recebida passivamente. Assim:
– A mídia digital antecipa e molda desejos que os consumidores nem sequer tinham considerado.
– Todas as plataformas competem por tempo, dinheiro e adoção: querem nos convencer a baixar um app, fazer uma assinatura, assistir a mais um vídeo…
– Para fidelizar, é preciso ocupar um espaço de alta recorrência, oferecer benefícios, criar hábitos e estar sempre presente no fluxo digital do usuário – que ocupa cada vez mais horas do seu dia.
– As publicidades estão hiperpersonalizadas, baseadas na intenção dos usuários. Isso pode transformar completamente a segmentação de marketing.
As grandes perguntas que ficam aqui são: quem está no comando de verdade?Se somos influenciados o tempo todo, até que ponto nossas escolhas realmente são nossas?
A influência sempre existiu – de filósofos gregos a anúncios de TV – mas agora, com a IA preditiva, o que consumimos, compramos e até acreditamos pode ser ditado por máquinas.
Não quero deixar todo mundo apavorado aqui, não. Mas é importante termos um plano de ação:
– Entender a IA: usá-la como ferramenta estratégica, e não apenas como motor que dita nosso consumo. Aceitar ou não é poder nosso.
– Desenvolver pensamento crítico: questionar recomendações, buscar fontes diversas e não terceirizar todas as decisões para algoritmos.
– Aprender continuamente: a tecnologia não vai desacelerar para que possamos alcançá-la.
O World Economic Forum enfatiza que pensamento crítico e resolução de problemas complexos são as melhores defesas contra manipulação digital e viés algorítmico.
No fim, conteúdo, repertório, educação e pensamento crítico são os grandes diferenciais dessa nova era. Uma boa leitura, um bom curso, uma boa conversa nunca foram tão valiosos. Afinal, o futuro da economia da intenção está sendo escrito agora.
A nova economia da intenção

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Ana Paula Zamper
Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!
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