Bropriating e minha gastrite executiva.

Compartilhe esse conteúdo:

Na minha carreira de executiva já cansei de ver a cena: uma mulher apresenta uma ideia na reunião e a reação é silêncio absoluto. Minutos depois, um colega homem repete exatamente a mesma ideia e ganha aplausos imediatos.
Eu até já escrevi sobre isso no meu site (link nos comentários), mas recentemente tive uma nova experiência digna de um episódio da série “Crônicas do mundo corporativo de Ana Zamper”.

Antes de uma reunião de Conselho (predominantemente masculina, claro), dois colegas discutiam animadamente um assunto que domino muito bem. Mesmo estando literalmente ao lado deles, fui completamente ignorada. Quando finalmente falei algo, ouvi o seguinte comentário: “Nossa, Ana, você realmente entende desse tema!”. Detalhe: o comentário surpreso veio de quem me entrevistou – e contratou – justamente por causa desse conhecimento. Amnésia ou misoginia?

Respirei fundo e segui em frente. Na hora da reunião, o tema ressurgiu. Inicialmente, minha voz foi atropelada mais uma vez. Mas insisti com toda a calma e classe que consegui reunir naquele momento (e uma dose extra de paciência). Levantei, fui até a tela e apontei claramente o que precisava ser dito. Finalmente, fui ouvida. Ao final, ainda recebi elogios pela minha “postura assertiva” e domínio do assunto.

Eu não debati, não subi o tom de voz, não ofendi ninguém – nem mesmo com minha ironia. Simplesmente me posicionei, como tenho feito há algum tempo, desde que adquiri uma maturidade que me mostrou que baixar a cabeça não me leva a lugar nenhum. Nem a mim nem às outras mulheres.

Essa história me custou uma gastrite executiva? Com certeza! Mas continuo acreditando profundamente que devemos ocupar nossos espaços com elegância, bom humor e uma dose saudável de firmeza. Sabe por quê?

Porque o tal do bropriating – ou apropriação de ideias por colegas homens – prejudica diretamente a ascensão das mulheres, fortalece a “Síndrome da Impostora”, gera ansiedade e afasta talentos femininos que poderiam impulsionar inovação e resultados nas empresas.

Se não é isso que você deseja para a sua, observe o comportamento dos homens nas reuniões e intervenha sempre que necessário. E se você for mulher e estiver lendo isso, vem comigo para essa conversa: quantas vezes você precisou provar sua competência mesmo diante de quem a conhecia?

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

Post Recentes:

byAZ © Copyright 2024. Desenvolvido por: Desginauta. 

Scroll to Top