Ontem tive que dizer “não” para três pessoas com demandas diferentes. O motivo? Os pedidos não estavam dentro do meu propósito profissional ou eu não teria tempo de fazer com qualidade. Percebi que as pessoas não receberam bem isso e me senti péssima. Achei que eu tinha que justificar os porquês dos meus nãos. Mas a verdade é que cheguei num ponto em que dizer não é me privilegiar, me colocar em primeiro lugar. E isso faz parte do meu amadurecimento.
Até pouco tempo atrás, sempre concordei com tudo, sem sequer revelar o quanto minha vida pessoal poderia sofrer. Olhando para várias coisas que aceitei, agora entendo o que motivava a necessidade de sempre dizer “sim”. A única maneira de me encaixar era ser bem-sucedida rapidamente e ganhar o respeito dos meus colegas (pelo menos, era o que eu pensava) era só dizer “sim”. Na época, não percebia que esta era uma decisão impulsionada pelo medo de não ser tão boa quanto meus colegas. O mais engraçado é que não havia indicação de que alguém pensaria menos de mim se eu dissesse “não”.
Esses dias, li que quanto maior o nosso FOMO (“fear of missing out” ou medo de perder qualquer informação), pior a gente é em dizer “não”. Também li um artigo sensacional no The Globe and Mail em que a repórter dizia que tinha experimentado “uma mudança sutil de mentalidade, fazendo uma pausa antes de concordar automaticamente”. Ela conta que passou a respirar fundo, fazer um rápido inventário de sua energia e capacidade antes de responder a uma proposta ou convite.
Assim como ela, hoje entendo que recusar pedidos não está associado a uma falha em performar no trabalho. Acho que ninguém vai ler minha mente e captar que eu não posso assumir essa ou aquela tarefa ou que não farei pro-bono atividades e projetos que não estão relacionados a projetos de impacto social.
É aí que entra outro aprendizado: comunicar honestamente é essencial para estabelecer limites saudáveis no ambiente profissional. Ao nos tornarmos confiantes em definir limites, criamos um ambiente de trabalho mais produtivo e equilibrado. Isso fortalece, inclusive, nossas habilidades de comunicação e liderança.
Eu ando tão interessada no assunto que estou começando a ler o livro “The Joy of Saying No”, de Natalie Lue.
Para concluir, hoje quero deixar um recado especialmente para as lideranças femininas: dizer não é uma força, não uma fraqueza. Em um ambiente onde a pressão para ser agradável e complacente é forte, recusar pode ser um ato de autenticidade e respeito a si mesma.
A difícil tarefa de dizer não…
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Ana Paula Zamper
Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!
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