A tecnologia saiu da salinha fechada e ganhou o centro do palco

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Depois de uma semana movimentada, é hora de refletir. Fui convidada para a Febraban Tech pela Foursys, uma empresa inovadora de serviços e consultoria de TI, e entendi por que o evento mudou de nome. Antes chamada de CIAB (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras), a Febraban Tech mudou seu enfoque e me trouxe a felicidade de ver a tecnologia como assunto central no palco. No painel “Tokenização na Prática”, por exemplo, Coty de Monteverde, Head de Crypto e Blockchain no Santander, afirmou que tecnologia não é parte do negócio, mas sim, é “o” negócio da indústria financeira.

Quando ouvi isso, fiz uma viagem pela minha trajetória profissional. Eu me graduei em Análise de Sistemas em 1989 e, nessa época (ou talvez até bem pouco tempo atrás), tecnologia era coisa “daquele time de TI”, dos enjaulados que ficavam em uma salinha fechada, iluminada pelas telas dos computadores, nos fundos das empresas. Inclusive no meu primeiro trabalho eu ficava numa salinha assim, inclusive apartada das demais áreas de TI.

Mas sempre acreditei que a tecnologia é uma criadora de soluções e só existe pelas e para as pessoas. Por isso eu amo. Ver isso se concretizando diante dos meus olhos é bárbaro e provocador, afinal, precisamos manter a mente aberta para aprender novas habilidades e adquirir novos conhecimentos. Em todas as áreas. Ou, como disse o cientista político americano Ian Bremmer em sua apresentação durante a Febraban Tech, o mundo ficou mais complexo e menos previsível.

A começar pelo próprio evento. Logo na entrada, a credencial era obtida via reconhecimento facial, graças ao Serpro, maior empresa pública de tecnologia da informação do mundo. Na sequência, um túnel de hologramas animados dava as boas-vindas aos visitantes. Parecia algo saído da série “Black Mirror”: impactante, mas com uma clara conexão com o presente. No painel de abertura, a conclusão que tinha ficado implícita desde que eu cheguei ao evento: as instituições financeiras estão se transformando em “bank techs”, ou seja, a tecnologia pode (e deve) ser incorporada no dia a dia das instituições financeiras.

Como consequência, a segurança digital foi um tema muito explorado. E por que não seria? Uma pesquisa da Febraban mostrou que 8 em cada 10 operações financeiras no Brasil são digitais e que os celulares são responsáveis por 66% de todas as operações feitas no país. Em um mundo tão conectado, a segurança é essencial.

Outro ponto que chamou minha atenção foi como personalizar as ofertas e proporcionar uma experiência pessoal aos clientes com a automatização do atendimento. Por exemplo, a multinacional francesa Capgemini apresentou Olivia, um avatar criado por Inteligência Artificial Generativa. Olivia tem rosto, expressões e personalidade, e está conectada a diferentes aplicativos. Ela representa uma nova forma de interagir com os clientes, tratando-os de maneira humanizada – por mais irônico que isto pareça. Nessa linha, também foi apresentado o “Felizômetro”, da Foursys, uma combinação incrível de ESG e tecnologia. Ele envolve uma espécie de Analytics de sentimentos para maximizar o engajamento no cuidado das pessoas.

E para fechar a Febraban Tech, ninguém menos que Daniel Kahneman, professor emérito da Universidade de Princeton e Prêmio Nobel de Economia. Uma de suas falas de maior impacto para mim foi: “A opinião humana não está livre de ruídos, por outro lado, os modelos estão. A principal causa da inferioridade dos pensamentos dos seres humanos quando comparados com IA e estatísticas é que não existe ruído quando se aplica um algoritmo”.

Coincidentemente (ou não), nessa mesma semana, participei de 2 fóruns de debates – um do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e outro do WCD Brasil – WomenCorporateDirectors (Women Corporate Directors Foundation) – sobre como os Conselhos de Administração podem lidar com a Inteligência Artificial em questões relacionadas a ética, transparência e integridade no uso das informações.

Para encerrar a semana, participei da reunião da Diretoria Vogal do IBEF São Paulo e as apresentações feitas por 12 CFOs de setores diferentes giraram em torno de um tema comum: a necessidade de agir com cautela e explorar as oportunidades em meio ao caos, sempre com a tecnologia em foco.

Para descansar, em um momento de lazer, fiz compras na Amazon e no Mercado Livre, e pensei em como estas empresas também usam a tecnologia em praticamente tudo o que fazem. Fiquei pensando em como todos ganhamos quando a tecnologia sai da salinha escura e sobe ao centro do palco. Se usada com responsabilidade, ela pode se tornar um pilar estrutural de qualquer negócio e nos convidar a planejar um futuro dinâmico e nada estático.

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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