Ancestralidade Tech

Ouvir Almir Suruí foi uma inovação que minha agenda não previa, e que muito me impactou e surpreendeu.

Líder do povo Paiter Suruí, ele já foi reconhecido pela Fast Company como a pessoa mais criativa em negócios do Brasil. E não é exagero. Sua visão de mundo une ancestralidade e estratégia, floresta e tecnologia, território e futuro.
Lembro que no Web Summit e no SXSW de Austin, em 2024, eu já tinha ficado encantada com o conteúdo apresentado pela Txai Suruí, sua filha. Agora foi a vez de conhecer a sabedoria do pai.

Em 2007, ele liderou o primeiro projeto indígena de créditos de carbono do mundo. Usando Google Earth e smartphones, seu povo passou a monitorar o desmatamento da Terra Indígena Sete de Setembro em tempo real. Desconheço um sistema de governança ambiental mais eficaz, com tecnologia de ponta e fácil de usar e, o melhor, resultado prático.

Mas sua liderança vai além da sustentabilidade.

Almir costura parcerias com universidades como a Unicamp para levar educação superior às aldeias e formar professores indígenas, unindo saberes tradicionais e ciência.

Defende a bioeconomia como alternativa viável à destruição.

E nos lembra que inovação de verdade começa com as pessoas certas.

Sua fala no SXSW Londres, de onde acabo de voltar, foi uma aula.

Ficou muito claro que não adianta ter (apenas) boas intenções. É preciso executar. E isso ele faz muito bem com seu olhar sobre empreendedorismo, liderança, impacto e visão de longo prazo.

A inovação mais potente continua sendo a que começa com pessoas e é feita para pessoas. Com raízes profundas e coragem para imaginar futuros coletivos.

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Wal Flor