Se você deseja entrar no mundo dos Conselhos empresariais, começar como Conselheiro de um projeto social é uma excelente oportunidade para trilhar esse caminho e se desenvolver nessa função. E o melhor: já contribuindo desde o minuto zero. Além disso, atuar em Conselhos Consultivos pode ser visto também como preparo e transição para assentos em Conselhos de Administração.
Enquanto as empresas “listadas” são obrigadas por lei a implantar Governança Corporativa, como a formação de Conselhos de administração, as “não listadas”, incluindo Terceiro Setor, crescem na adesão de algumas boas práticas, por meio de Conselhos Consultivos e Comitês, como uma forma de incluir profissionais externos e qualificar as decisões com mais isenção.
Foi assim comigo. Iniciei meu caminho como Conselheira na SAS Brasil, uma startup social e instituição de saúde do Terceiro Setor que, desde 2013, atua em cidades carentes de acesso a médicos especialistas, levando atendimento médico. Em 2018, cheguei na fundação do Conselho, então pude trabalhar inclusive no desenho do estatuto. Passados 5 anos, sigo trabalhando como Conselheira Consultiva na SAS, que agora é parte de um grupo / hub, com escopo ampliado, contando inclusive com a criação de uma empresa brasileira de tecnologia, SAS Smart que desenvolve e comercializa soluções focadas em lidar com o desafio do acesso à saúde.
Além disso, desde 2022, sou Conselheira Consultiva no Instituto Ser +, uma organização sem fins lucrativos com a proposta de desenvolver o potencial de jovens em vulnerabilidade social. Hoje, além do Conselho, também participo do Comitê de Tecnologia dessa organização, que é super madura, absurdamente estruturada e com modelo de governança que não deve nada a uma empresa de pequeno ou médio porte.
Em ambos os casos, as boas práticas de governança corporativa estão alinhadas aos princípios de transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Reuniões formalizadas do Conselho e clareza das funções, relativa formalidade e algumas boas práticas de Governança integram a rotina das reuniões, como a elaboração de pautas e atas, que são enviadas para leitura e análise com a devida antecedência.
As reuniões têm agenda enviada com antecedência, material de preparo, pauta bem consolidada, atualizações sobre a performance da entidade, discussões estratégicas relacionadas a riscos, modelo de governança, crescimento sustentável, atualização dos comitês, questões legais e de conformidade, assuntos de RH, engajamento de stakeholders… Em resumo, é o mesmo modelo de qualquer empresa.
Além do aprendizado a cada reunião, ser Conselheira de um projeto social é uma experiência incrivelmente gratificante e valiosa, pois ajuda a fazer a diferença no mundo. Estar no local de fala onde atuamos, e entender que nossas decisões impactam direta e rapidamente a vida de tanta gente é algo ímpar, nos motiva a fazer um trabalho diferenciado, deixando um impacto positivo.
Deixo aqui algumas outras vantagens de ser membro de Conselho de um projeto social:
- Desenvolvimento Profissional: Ser conselheira de uma ONG é uma maneira fantástica de desenvolver habilidades de liderança e gestão, que são transferíveis para muitos outros setores e cargos. Em muitos casos, traz a oportunidade de trabalhar diretamente com problemas complexos e desafiadores, o que aprimora a capacidade de encontrar soluções inovadoras.
- Responsabilidade: Em um projeto social, até mesmo em estágios iniciais da carreira é possível tomar decisões de muita responsabilidade. Esta é uma excelente oportunidade de tomar decisões importantes. Em geral, Conselhos de ONGs têm tanta profundidade e estrutura quanto os de empresas.
- Impacto Social Positivo: Uma das maiores vantagens de trabalhar em um projeto social é a capacidade de fazer a diferença na vida das pessoas. Como conselheira, você terá um papel importante na definição da estratégia e das metas da organização, ajudando a maximizar seu impacto social.
- Crescimento Pessoal: O envolvimento com projetos sociais oferece uma perspectiva valiosa sobre as questões que afetam nossas comunidades e isso pode levar a um crescimento pessoal significativo.
- Rede de Contatos: Trabalhar com uma ONG ajuda a construir uma rede diversificada de contatos profissionais e pessoais. Essas conexões podem ser inestimáveis para o avanço da sua carreira e para seu crescimento pessoal.
- Benefícios para a causa: Como Conselheira sênior, você trará para a ONG sua experiência, conhecimentos e habilidades, ajudando a orientar a organização em sua missão e garantindo que ela permaneça eficaz e relevante.
- Desenvolvimento de empatia e compreensão: O envolvimento com ONGs ajuda a cultivar uma empatia mais profunda e a compreender as lutas que muitas pessoas enfrentam. Essas experiências podem influenciar seu estilo de liderança, privilegiando a criação de ambientes inclusivos e justos.
- Realização pessoal: Por fim, mas certamente não menos importante, trabalhar em uma ONG geralmente significa que você está trabalhando para uma causa em que acredita profundamente. Contribuir para a mudança social positiva traz um sentido de realização e propósito que pode ser difícil de encontrar em outras áreas.