Dentro de mim está a outra

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Recentemente, comecei o SEER (Senior Executive Education Program), um curso desenhado para alta liderança. Estou superanimada, mas, por incrível que pareça, a pergunta que mais tenho ouvido é uma velha conhecida: “Você ainda tem idade para estudar?”. Digo conhecida porque já escutei variantes dela, como “você tem idade para fazer aulas de boxe?” e “você tem idade para aprender kitesurfing?”. Parece que, depois dos 50, as pessoas acham que a gente deveria ficar só na cadeira de balanço.

Para completar, uma amiga incrível, supercompetente, me contou que está sendo preterida em oportunidades simplesmente por causa da idade. Talento e competência ela tem de sobra, mas… passou dos 50. É interessante como a juventude deixou de ser apenas uma fase da vida e virou uma espécie de “atributo essencial” em qualquer momento. Parece que a idade vai construindo barreiras invisíveis ao nosso redor. Mas, quer saber? Não só aceito como celebro esse tempo!

Em “A Velhice”, de 1970, a filósofa francesa Simone de Beauvoir diz “dentro de mim, está a Outra – isto é, a pessoa que sou vista de fora – que é velha: e essa Outra sou eu”. Envelhecer virou um tema central na minha vida, e não vejo problema nisso. Com 56 anos, estou me sentindo melhor do que nunca. Tenho vontade de aprender, de me reinventar, de me jogar em novas aventuras. O que eu não tenho é tempo ou paciência para o preconceito contra a idade, o revirar dos olhos.

Eu ainda fico surpresa com a forma como a sociedade trata o envelhecimento, especialmente das mulheres. Se o foco é um homem, o tempo simplesmente desaparece – eles se tornam sábios, experientes, quase iluminados. Agora, se somos nós, mulheres, parece que viramos invisíveis. E, como se não bastasse, a mídia faz questão de nos lembrar: o tempo está correndo.

Parece que andamos esquecidos que o tempo traz sabedoria às nossas escolhas. Envelhecer é perder algumas coisas, é verdade: colágeno, perdi muito. Visão, nem comento. Mas, felizmente, algumas dessas perdas a gente pode escolher. E que sejam as melhores escolhas possíveis!

Hoje, não perco tempo com o que não me acrescenta. Não tenho tempo para gente chata. Não tenho tempo para estar onde não quero. Para usar roupas e sapatos desconfortáveis só porque estão na moda! E, definitivamente, não tenho tempo para dizer “sim” quando, na verdade, queria dizer “não”.

Envelhecer não é sinônimo de ser velho. Envelhecer é fazer valer. O único “não tenho mais idade” que aceito é aquele que eu mesma escolho. Hoje, me vejo como alguém sem idade definida: sou ageless. Não sou jovem, mas também não sou velha. Sou alguém com uma fome imensa de viver, aprender e explorar.

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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