É engraçado como as respostas para nossos questionamentos muitas vezes vêm de onde menos imaginamos, né?
Dia desses, ouvi uns comentários de que eu estava ativista demais falando sobre os trabalhos sociais em que estou envolvida. O feedback era que eu deveria focar mais nas minhas competências, falar mais de business e ser menos monotemática. Isso me fez refletir bastante e me perguntar: será que é ruim eu levantar esse tipo de bandeira? Me posicionar em relação às minhas crenças e ao meu propósito?
Pois bem, lá estava eu na primeira fila para ver Esther Duflo, na FEBRABAN TECH, que eu admiro e acompanho há um tempo. Ela foi a segunda mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Economia em 2019 e aos 46 anos, também a mais jovem laureada.
Esther ganhou o Nobel junto com os economistas Abhijit Banerjee (seu marido) e Michael Kremer, “por sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global, projetando estratégias usando uma metodologia semelhante à aplicada em testes clínicos”. Basicamente, eles iam a pequenas comunidades, selecionavam aleatoriamente um grupo para aplicar um projeto de política pública e avaliavam os resultados – literalmente “falar e fazer”, ciência e a ação social caminhando juntas para transformar vidas.
Entre os muitos assuntos abordados por ela, um se destacou na palestra, provavelmente por causa do desastre que abalou o Rio Grande do Sul em maio. Ela falou sobre como as mudanças climáticas deixam a desigualdade social ainda mais evidente. Os mais ricos são os maiores contribuintes das emissões de poluentes que impactam o clima, piorando consideravelmente a vida das populações mais pobres, que são as mais afetadas diante das tragédias ambientais.
Sobre o futuro, Esther disse que não gosta de fazer previsões, pois precisamos agir agora, já que a questão climática está na nossa cara. Ela explicou sua tese de levantar fundos para quem mais precisa, tributando as pessoas mais ricas do mundo e favorecendo diretamente os mais pobres. Por fim, destacou que a pobreza não é apenas financeira: falta acesso a uma educação de qualidade, a uma saúde digna, e isso impacta na formação do ser humano como um todo.
Saí da palestra com uma sensação de resposta para meus anseios: diante de tudo isso, como é que eu não vou ser ativista? Acho que me posicionar é um sinal de maturidade e requer coragem e energia. Afinal, quero contribuir para as mudanças que quero ver no mundo. Esse tipo de postura ética e responsável, visando promover o bem-estar comum, não é utópica: é necessária, pois somos partes interdependentes de um mesmo ecossistema.
Acredito firmemente que a liderança não é apenas um título ou um cargo, mas uma atitude. Cada um de nós tem a capacidade e a responsabilidade de agir e fazer a diferença. Liderança é sobre tomar iniciativa, inspirar os outros e trabalhar juntos para criar um futuro melhor. Não podemos esperar que outros façam por nós; a ação começa aqui e agora.
E você? O que pensa disso? Luta por algum propósito?