Mulheres exigentes

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Refletindo sobre o artigo “Por que as empresas não conseguem reter líderes mulheres”, que li esses dias no Estadão, fiquei surpresa com a afirmação de que está difícil para as empresas porque as mulheres “estão mais exigentes”. Me senti incomodada de cara, sem mesmo entender o porquê. Afinal, que bom que conseguimos nos posicionar e exigir mais. Exigir, pra começo de conversa, um ambiente profissional mais justo e inclusivo.

Nada mais natural que essa “exigência” apareça em uma país como o nosso. Segundo um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentado em março deste ano no jornal O Globo, só 14% das empresas têm áreas específicas dedicadas à promoção de igualdade de gênero no local de trabalho. Pior: mulheres ocupam apenas 29% dos cargos de liderança na indústria brasileira.

Reconheço que existem, sim, avanços em muitas empresas em relação à diversidade. Mas eu mesma já me senti não ouvida tantas vezes que nem sei contar. E isso é um reflexo sutil do que muitas de nós passam no ambiente corporativo. Outra pesquisa, dessa vez da McKinsey, destacou que decisões de mulheres no topo são frequentemente mais questionadas.

Isso sem contar o número de mulheres preteridas em promoções, ignoradas em reuniões, não promovidas porque estão grávidas ou demitidas na volta da licença-maternidade. Vem pensar comigo sobre como somos vistas de maneira diferente dos homens no mercado de trabalho:

Com uma mesma atitude, homens são vistos como “confiantes”, enquanto mulheres são rotuladas como “mandonas”. Adoro a brincadeira de palavras em inglês: ele é boss, ela é bossy. Além disso, enquanto homens são vistos como “equilibrados”, mulheres são frequentemente classificadas como “passivas” ou “agressivas”. Rótulos como “fofoqueiras” ou “temperamentais” são frequentemente destinados às mulheres, mas “lógicos” e “confiáveis” parecem ser reservados aos homens.

Nesse contexto, sermos exigentes é ESSENCIAL. Mas então por que a palavra “exigentes” me incomodou tanto? Porque parece exagerado. Segundo o próprio dicionário Houaiss, uma das definições de exigente é: “que quer sempre o melhor; difícil de satisfazer, de contentar”. Agora fala pra mim? Querer igualdade salarial, oportunidades de crescimento e ambientes verdadeiramente inclusivos é exigir demais? Afinal, se tem uma coisa de que tenho certeza é que a diversidade enriquece perspectivas e beneficia todos, econômica e socialmente.

A questão é tão importante pra mim que sou investidora-anjo de empresas comandadas por mulheres e elas também são o foco da minha mentoria na byAZ. E você? Tem feito sua parte?

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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