O Futuro da Imaginação

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Tem gente com mestrado e doutorado em achologia. Não é de hoje que o ser humano sonha em saber o que vai acontecer no futuro, mas esse desejo de “prever tendências” anda super exacerbado e está nos impedindo de viver o presente.

Em 1949, quando escreveu o livro “1984”, George Orwell não podia prever onde a energia nos levaria muito menos imaginar a existência da internet e da Inteligência Artificial. Mesmo assim, obras como esta e, mais tarde, o desenho “Os Jetsons” e filmes como “Matrix” (1999) e “Minority Report” (2002) tentavam prever o futuro, refletindo nossas ansiedades e expectativas em relação à tecnologia. Roteiros criativos, sim, mas que não representaram a realidade.

Hoje, com a profusão de agências de estudo de tendências, passamos muito tempo olhando para relatórios e tirando nossas próprias conclusões, mergulhados em “achologias” sobre o futuro, imaginando cenários que podem nunca se concretizar. Isso é necessariamente ruim? Não, mas é importante lembrar que o verdadeiro progresso acontece quando focamos na experimentação. No agora.

Foi essa experimentação que nos trouxe avanços como a internet e a IA, superando as expectativas das ficções mais ousadas. A inovação vem dessa observação pragmática. Olhando para o presente com mais experiência, podemos criar produtos e serviços que realmente moldam o futuro, em vez de apenas imaginá-lo.
Em vez de nos perdermos em previsões, é mais produtivo aplicar nossa energia em experimentar, testar e inovar com as ferramentas que já temos à disposição. Isso nos permite construir o futuro de forma mais sólida e realista. Olhar tanto para o amanhã só traz ansiedade.

No capítulo “Pela toca do coelho”, do livro “Alice no País das Maravilhas”, Lewis Carroll descreve aquele momento em que ficamos tão obcecados com algo que começamos a perder o senso de realidade. Essa reflexão toca em um ponto crucial do nosso tempo: a tensão entre o futuro e o presente. A obsessão com a tecnologia e o futuro pode, de fato, nos afastar da vivência plena do presente.

Estamos constantemente projetando nossas esperanças e ansiedades em um futuro que é incerto e fora de nosso controle, o que pode nos deixar desconectados do que está acontecendo agora. Ficamos sempre correndo atrás do próximo avanço ou da próxima inovação, sem parar para apreciar as conquistas, as relações e os momentos que temos no presente. Essa mentalidade também pode nos desviar de questões urgentes e palpáveis do presente, como o bem-estar mental, a justiça social, e a preservação do meio ambiente, que necessitam de nossa atenção e ação imediata.

Viver no presente, sem deixar de lado a visão de futuro, exige um equilíbrio delicado, que pode ser cultivado com práticas como o mindfulness e com uma abordagem mais humana e ética em relação ao uso da tecnologia, onde o foco não é apenas o progresso, mas também o bem-estar humano.

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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