Ao contrário do que muita gente pode pensar, a tecnologia não é – nem deveria ser – uma área dominada por solitários. Trabalhar com tecnologia é saber criar relações e é isso que me move: trabalhar para as pessoas e por elas. E essa lição foi a mais ensinada no Web Summit semana passada.
Asha Oya
A começar pela ativista Asha Oya, uma das representantes do movimento Black Lives Matter, que trouxe um questionamento fundamental: afinal, estamos usando as mídias sociais ou sendo usados por elas? Ela apontou que está nas nossas mãos decidir se nossas ações nos levarão ao progresso ou ao retrocesso, mas que definitivamente a tecnologia precisa ser construtiva e ter o elemento humano como centro.
Txai Suruí
Outro assunto fundamental é o respeito aos povos originários e a conversa entre o apresentador Luciano Huck e a ativista indígena Txai Suruí falou exatamente disso. Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com inovação e a resposta é simples: para entender o futuro, temos que estudar o passado. E unir tecnologia com ancestralidade pode ser a resposta para termos qualidade de vida, cuidarmos do planeta e vivermos bem. Ou, como disse Txai, “que possamos falar de tecnologias, que já estão sendo colocadas em prática no nosso território, para construir futuros. Para adiar o fim do mundo e segurar esse céu”.
Ricardo Al Makul
Enquanto a gente não se der conta de que os humanos precisam ser o centro de tudo, a tecnologia perde sua principal função. E foi disso que falou o empresário Ricardo Al Makul, fundador da KES, uma plataforma de conteúdo de inovação. Uma das frases que mais me impactou foi: “Podemos evitar a realidade, mas não as consequências de evitar a realidade”. É isso. A vida online e a offline nunca se mesclaram tanto. Não dá pra gente se voltar para o virtual. Pelo contrário. Makul defende uma “desvirtualização” para a gente investir na conectividade humana, real, analógica. Essa é a melhor resposta para a incerteza que as novas tecnologias trazem.
Ricardo Amorim
No painel “Investindo na América Latina”, o jornalista e empresário entrevistou os fundadores de 3 startups e apontou: criatividade não falta ao Brasil, então o que falta para o próximo Google nascer aqui? Na visão dele, ambição. Ricardo ainda trouxe um dado impactante: em 2022 tivemos um ano menos produtivo para as startups brasileiras que 2021. E deixou no ar uma questão: como fazer, então, para retomar o crescimento em 2023?
KondZilla
E last but not least, eu amei a palestra do KondZilla. Film maker e fundador do canal KondZilla, com mais de 66 milhões de inscritos, Konrad Dantas falou sobre a diferença entre produzir conteúdo relevante tendo compromisso com as pessoas e usar o marketing para vender. Depois de popularizar o funk e a voz das favelas, ele está de olho em dois nichos de público: o LGBT+, com a plataforma POPline, e o 50+, ao qual gosta de se dirigir no programa de TV “Papo de Segunda”, exibido pela GNT. “Dizem que a geração que vai viver mais de 100 anos já chegou. E eu estou olhando para ela. Enquanto está todo mundo olhando para a geração Z, meus principais parceiros são meu pai e meu sogro. Eu fico trocando referências com eles para ver o que eles estão consumindo, para quando eu chegar aos 50 anos olhar desse lugar”, falou.
Eu não poderia concordar mais, afinal, quem foi que disse que a tecnologia e a inovação só interessam aos adolescentes?