Energizada para 2025, olho para trás e vejo o quanto o ano passado foi transformador. Assumi novos conselhos e comitês, um grande desejo meu, e vivi uma jornada de aprendizado, entre conquistas e desafios. Ainda tenho muito a aprender nesse papel de conselheira, mas levo comigo lições que compartilho aqui:
- Na busca pelos integrantes certos, conselheiros escutam sugestões de colegas e exploram sua rede pessoal. Por outro lado, ser indicado por algum C-Level dentro da empresa traz maior escrutínio por parte dos pares, principalmente para comprovar a Separation of Duties entre gestão e Conselho. Ou seja, ao contrário do que se imagina, o desafio se torna maior.
- Seus pontos fortes na gestão nem sempre serão os mais usados em um Conselho. Sempre fui conhecida pela velocidade de execução e por ser muito hands-on. Mas, em Conselhos, meu papel mudou completamente: não posso executar, apenas apontar, indicar e deliberar. Incentivar divergências de ideias e perspectivas exige paciência e um ritmo mais reflexivo. No início, parecia que minhas mãos estavam atadas, mas logo me adaptei e enxerguei o valor desse novo formato.
- Também foi desafiador deixar de lado a gestão próxima que sempre tive com as equipes. No Conselho, existe uma barreira clara: não posso emitir juízo de valor ou interferir na gestão. Aprender a fazer análises, apontar questões e contribuir sem “atropelar” foi uma lição brutal. Diante de divergências acirradas, busco dialogar com as partes envolvidas para compreender suas posições, mas sem emitir minha visão ou recomendação. Nesse contexto, a escuta ativa e empática se tornou indispensável.
- A dedicação é muito maior do que parece. Se você acha que ser conselheiro é só participar de uma reunião por mês, repense. Há comitês, leituras, interações com a gestão para esclarecer dúvidas e, acima de tudo, é preciso humildade e integridade para aprender. Nunca estudei tanto sobre Finanças ou LGPD, com mentorias de especialistas e cursos externos. Todo esse esforço demanda tempo, mas o encaro como essencial para agregar valor ao trabalho.
- E o tempo, sem dúvida, é o maior desafio. Já ouvi que “não pareço estar aposentada”, e é porque não estou. Sempre trabalhei muito na IBM, mas a empresa era meu lastro. Pesquisas, cursos, viagens e eventos estavam todos atrelados a ela. Agenda única, sabe? Agora, cada projeto tem seus tempos e movimentos. Gerenciar isso foi um dos maiores aprendizados da minha nova-não-tão-nova função. É preciso flexibilidade para ajustar o curso quando necessário. Mas são minhas escolhas, minhas decisões.
E o que eu levo? Aprendizado, porque conhecimento é transitório e nunca podemos parar de adquirir. Também exercito, na prática, empatia e inteligência emocional e aprendi a confiar mais em mim para tomar decisões fora da zona de conforto.