Quando a vida rasga o Script, você improvisa?

Voltando de uns dias de descanso no Preá (CE), bem desconectada e apreciando a natureza, soube que, na cerimônia do Oscar, o diretor Walter Salles perdeu o papel com seu discurso de agradecimento quando “Ainda Estou Aqui” foi anunciado como o melhor filme internacional do ano. Então, ele improvisou.

Me peguei pensando: eu sou péssima nisso. Não sou do tipo que sai por aí fazendo freestyle da vida. Meu maior improviso foi deixar para trás 31 anos de empresa para me lançar nessa vida do eu-sozinha. Decidi mudar o rumo da minha carreira sem ter todas as respostas prontas. Meu plano? Trabalhar em projetos sociais e dar uma pausa no trabalho. Era esse o script.

Corta para a cena seguinte: poucos meses depois, surge a primeira oferta de trabalho. Minha reação? “Não, obrigada, não está no roteiro!” Mas como crescer sem sair da bolha? Num golpe de total improviso — quase contra a minha natureza capricorniana, que adora um planejamento detalhado — me entreguei à serendipidade e à espontaneidade.

E foi aí que entendi: quando você não consegue o que quer, talvez seja a hora de querer o que a vida está te oferecendo. E o improviso me levou para caminhos que eu nem imaginava.

Posso dizer que fico confortável improvisando, como fez Walter Salles? Não! Mas hoje me permito. Talvez seja por isso que gosto tanto do Preá. Aqui, eu deixo a vida me levar. Deito na rede, olho para o céu e, quem diria, às vezes até esqueço do relógio.

Agora, depois de uns dias nesse paraíso, estou pronta para voltar e enfrentar o improviso, que me assusta porque carrega o risco do erro. E do julgamento. Mas improvisar é deixar de lado o “e se não der certo?” e dar espaço para o “pode dar certo”.

E, no fim das contas, sempre dá.