Quebrando barreiras.

Compartilhe esse conteúdo:

Cadê as mulheres executivas nas reportagens?

Eu acredito que cada um tem seus momentos de meditação, seu escape da rotina e da correria tão glamourizada no nosso dia a dia. O meu tem se tornado o Preá, pequena praia pertinho de Jeri, com sua beleza natural e tranquilidade. E recentemente, iniciei aulas de kitesurf por lá, que é um dos melhores lugares do mundo para praticar o esporte e se conectar com a natureza.

Pois bem, acontece que no domingo passado, folheando meu jornal de todas as manhãs me deparei com uma matéria a respeito no Estadão. O título era “Por que o kitesurfe virou moda entre executivos brasileiros e como muda o litoral do Ceará”. Meu pai, que já tinha lido o jornal antes, me falou do alto de seus 90 anos de sabedoria: “acho que você não vai gostar muito dessa reportagem”. Fiquei intrigada porque ele sabe que eu gosto do Preá, que conheci graças ao trabalho social da SAS Brasil eu conheci o lugar e me encantei pelo kite.
Mas ele estava certo. Claro que acho positivo enaltecer um esporte que, como diz o artigo, acaba sendo “amor à primeira vista”. Mas três coisas me incomodaram especialmente.

A primeira é: por que, quando se fala em mercado executivo, o viés vem junto? Quantas vezes vocês leram artigos neste universo trazendo mulheres como personagens? E olha que mesmo no kite, um esporte tradicionalmente masculino, os próprios campeonatos acrescentaram categorias femininas nos últimos anos.

Em segundo lugar foi tratar o kitesurfe como um esporte elitista. É claro que é um esporte caro, mas hoje vários projetos sociais ensinam kite como forma de equidade e inclusão social, especialmente para mulheres. Eu tive o imenso privilégio de ter aulas com a Cauane Polo, fundadora de uma das escolas precursoras no ensino de kite para o público feminino, a Sunset com Elas, projeto que conta com meu apoio. Ele estimula mulheres a aprenderem para integrá-las mais ativamente à sociedade, através de trabalhos relacionados ao esporte.

Por fim, a glamourização da agenda lotada, como comentei no começo deste post. Por que a gente não pode se desligar do trabalho, nem mesmo praticando algo tão intenso e em meio à natureza? Fazer kitesurf requer 200% da nossa atenção: é preciso entender o movimento do vento e das ondas, dominar a força, se conectar com a natureza e… aproveitar uma sensação única de liberdade. Devemos estar presentes, de corpo e alma. Não é o tipo de lugar em que a gente pensa em fazer networking. O kitesurfe, sem dúvida, é muito bom para fazer novos amigos, para conhecer pessoas diferentes da “nossa bolha” diária, mas daí a levar trabalho, literalmente, pra lá?

Talvez o artigo tenha me atingido num momento de mercúrio retrógado, onde estou com as emoções mais afloradas. Sem contar que esses temas são muito conectados com meu propósito de vida. Mas eu quero saber de vocês? Também se sentiram incomodados com essas questões?

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

Post Recentes:

byAZ © Copyright 2024. Desenvolvido por: Desginauta. 

Scroll to Top