Rápido e Devagar

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Não é só a tecnologia que está mais veloz. É a gente. Sempre me pego pensando que o tempo está passando muito rápido, mas isso é fruto do nosso próprio olhar e da nossa percepção do tempo.

Já imaginou ter que esperar, hoje, todos os minutos necessários para o computador se conectar à internet na época da conexão discada? Ou aguardar o tempo que uma imagem levava para carregar no celular há 15 anos? Ou mesmo esperar uma resposta que só viria por e-mail quando a pessoa ligasse seu computador? Todas essas ações, que foram grandes avanços de tecnologia por si mesmas, hoje não contariam com a paciência de mais ninguém.

Hoje, o tema voltou à minha cabeça. No fim de semana, estive numa fazenda, visitando umas vinícolas e o tempo ganhou uma dimensão diferente. Eu pude viver toda aquela experiência e apreciar de corpo e alma presentes. Foi ótimo dar essa escapada, pois penso que nosso maior desafio na era digital é cultivar a presença consciente em meio ao turbilhão de informações e atividades que demandam nossa atenção. A atenção plena se torna uma ferramenta valiosa na busca por qualidade de vida.

Hoje cedo, cheguei ao Websummit, e obviamente, o tempo aqui é outro, ritmo bem distinto! Imediatamente pensei no livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, de Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002 e que faleceu no mês passado. Ele fala da nossa percepção de que o tempo parece passar mais rápido hoje em dia do que antigamente.

Em tempos antigos, as atividades diárias frequentemente envolviam trabalho manual e repetitivo – e o tédio levava o tempo a se arrastar. Com o avanço da tecnologia e a transição para um estilo de vida mais urbano e digital, nossas mentes são constantemente requisitadas para atividades que requerem pouco esforço cognitivo. Por isso, podemos sentir que o tempo passa rapidamente, devido ao fluxo constante e automático de pensamentos e percepções.
Quanto mais focados e absorvidos estamos em uma atividade prazerosa ou produtiva, menos conscientes ficamos do tempo passando. Agora, quando olhamos para trás, aquela experiência gostosa deixa uma riqueza de memórias que seria impossível ter vivido em tão pouco tempo. Por outro lado, quando estamos entediados, ficamos mais propensos a monitorar o passar do tempo, que parece mais lento.

Essas conexões entre a teoria de Kahneman e nossa percepção de tempo nos ajudam a entender por que, em um mundo que está se tornando cada vez mais complexo e estimulante, muitas vezes sentimos que o tempo está passando mais rápido.

Por fim, quero chamar a atenção aqui para algo importante: a dimensão que damos aos fatos em nossas vidas é uma escolha pessoal e poderosa. Ao escolhermos dar peso às experiências que nos trazem alegria, aprendizado e satisfação, estamos não apenas enriquecendo nossas memórias, mas também redefinindo nossa relação com o tempo. A vida, afinal, não é medida pelo número de respirações que precisamos ter, mas pelos momentos que nos tiram o fôlego.

Ana Paula Zamper

Ana Paula Zamper

Depois de mais de 30 anos de experiência no mercado de tecnologia, eu decidi abandonar o sobrenome corporativo e fundar a ByAZ. Junto com essa novidade, veio uma grande vontade de escrever e dividir meus pensamentos com você. Bem-vindo ao meu blog!

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