Vivemos na era da Deep Doubt (dúvida profunda, em livre tradução do inglês). O termo foi cunhado pelo jornalista Benj Edwards que, com um toque de ironia, captura a realidade atual, em que questionamos tudo o que vemos online.
Com a avalanche de imagens, vídeos e áudios gerados por Inteligência Artificial, saber o que é real (ou não) se tornou um desafio diário. Mas não para por aí. O que ele chama de “liar’s dividend” (ou “dividendo do mentiroso”) se tornou uma nova – e perigosa – estratégia para quem quer distorcer a verdade usando a dúvida como escudo.
Basta navegar por 5 minutos para entender como a IA embaralhou nossa capacidade de distinguir o que é real do que é sintético. Mentiras chegando ao nosso whatsapp o dia todo, verdades questionadas porque não correspondem à nossa opinião já formada, cancelamentos virtuais. Com tanta informação, é impressionante que estejamos cercados, sobretudo, de desinformação.
Quando as pessoas escolhem acreditar no que se alinha com suas visões pré-existentes, em vez de considerar as evidências sob uma perspectiva cultural diferente, a verdade pode ser cada vez mais manipulada.
Isso nos traz uma provocação interessante para o mundo dos negócios e da governança: como conselheiros e executivos devem se preparar para navegar nesse mar de desinformação? A resposta pode estar em uma atitude simples e poderosa: credibilidade e contexto. Agora, mais do que nunca, verificar fontes confiáveis e usar dados de qualidade para sustentar decisões é um diferencial competitivo. Prestar atenção a fontes confiáveis e considerar o contexto antes de compartilhar informações é dever de todos. Pensar, usar e abusar do pensamento crítico!
Afinal, em tempos de deep doubt, não adianta ter o melhor argumento se ele não for transparente e consistente. E como bem sabemos, no mundo corporativo, uma narrativa bem construída pelo ser humano vale mais do que a tecnologia que a sustenta.